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Felipe Massa e a esperança do Brasil

Desde sempre eu gostei de Fórmula 1. Na verdade, desde a época do Senna. Acho que não sou o único que acordava pra ver as corridas de Suzuka, por exemplo.

Éramos muito mal acostumados! Eu me lembro nitidamente do sorriso em todo brasileiro quando aquela nuvem preta se aproximava!

Depois de Ímola, eu deixei de assistir F1. Não só pela falta do Senna, mas também porque as corridas não tinham mais a mesma graça. Hegemonia do Schumacher, decepções sucessivas com o Rubinho, que serviu mais pra ser motivos de piada do Casseta do que pra dar um alívio àquele vazio dominical.

Sei também que a culpa não é dele, afinal ele não tem culpa de não ser o Senna. Na verdade é muito injusto ser piloto no país do Senna. A comparação e cobrança são inevitáveis, espero que o Massa saiba lidar adequadamente com isso. Sem contar o Bruno Senna, mas isso é assunto pra alguns anos...

Bem, acabo de assistir novamente uma corrida, e não tenho como negar que achei que nunca mais ouviria aquela adorada música novamente. Confesso que caiu uma lágrima ao ouvir aquela música, com um brasileiro dando a volta da vitória carregando a bandeira brasileira, quebrando o protocolo no pódio, abraçando a equipe inteira e o mais surpreendente, recebendo o carinho do Schumacher.

Diga-se de passagem, eu nunca respeitei muito esse alemão. Acho que talvez fosse por despeito dele não ser brasileiro ou qualquer motivo fútil assim. Mas que corrida a de hoje! Com o Massa em primeiro, alguns anos-luz do segundo colocado e o "Schumi" se desepedindo em grande estilo, com ultrapassagens geniais, força de vontade e determinação de um verdadeiro campeão, o campeonato do Alonso até perdeu um pouco a graça pra mim.

Mas o sentimento mais forte mesmo foi a sensação de ouvir novamente aquela música, ver novamente um brasileiro, com a bandeira do Brasil, vencendo na F1. Pode parecer exagero, excesso de patriotismo ou mesmo inocência, mas acho que o Brasil tem jeito.

Falando em Senna, um pequeno parênteses:

GP Brasil - 1991

""Se esse era o preço de ganhar no Brasil, foi barato. Valeu!"

Ayrton Senna não quis festa no seu 31º aniversário na antevéspera da corrida. Queria ganhar de qualquer maneira aquele GP do Brasil. Foi dormir muito cedo e assim que adormeceu sonhou que estava correndo sozinho, na frente e o carro era cada vez mais rápido. Acordou sorrindo e assim que voltou a dormir o sonho se repetiu e, desta vez, reconheceu a pista, era a de Interlagos.

Seria a oitava tentativa de vencer no Brasil e toda concentração era pouca. Conseguiu a pole position à frente dos velozes Williams-Renault, de Mansell e Patrese, e partiu na frente liderando fácil até 65ª volta. Até ali, o sonho da noite anterior estava seguindo o roteiro. De repente, a terceira marcha escapou. Ele levou um susto. Tentou engatar a quarta e ela não entrou. Sentiu um frio na barriga e a cabeça doeu. Tempos depois, ainda não lembrava se havia rezado a Deus ou se soltou um palavrão. Na reta dos boxes mostram-lhe a placa + 7-L6, o que significava que tinha sete segundos de vantagem sobre Riccardo Patrese, a seis voltas do final.

Respirou fundo e aí rezou "vai dar, vai dar". Percorreu mais duas voltas e quando viu a placa a notícia não era boa + 4-L3. Tinha perdido três segundos. E a coisa ainda piorou quando foi colocar a quinta marcha e ela não respondeu. Ficou só com a sexta velocidade não olhou mais a placa, não deu bola para o rádio e acelerou.

"Só voltei à realidade quando vi a bandeirada. (2s999 milésimos à frente de Patrese). Aí senti um imenso prazer em viver, em estar em Interlagos, na minha terra e vendo a minha gente feliz. Não foi a maior vitória da minha vida - garantiu Senna -, mas foi a mais sacrificada."

Texto tirado do site sobre o Ayrton do Instituto Ayrton Senna.

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Fábio Dias - fabio.dias@gmail.com